quinta-feira, 9 de junho de 2011

António Amargo



O segredo de amar

O nosso amor não é desses amores
Que brilham como súbito clarão,
Com a ardência feroz duma paixão,
E a duração efémera das flores.

Não terá com certeza esses ardores,
Que transformam o peito num vulcão
E queimam tão depressa o coração,
Passados os instantes tentadores.

O nosso amor é calmo e sossegado
Cimo uma noite branda de luar
Brilhando na nudez dum descampado.

Nesse sossego de ouro transparente
É que reside p’ra quem sabe amar,
O segredo de amar eternamente.

António Amargo.



Soneto publicado no jornal figueirense O Palhinhas (de que era redator), na sua edição n.º 7, de 12 de Agosto de 1915.

António Amargo, pseudónimo de António Correia Pinto de Almeida, foi jornalista, escritor e poeta da Figueira da Foz onde nasceu em 1895.
Foi diretor, editor e redator do jornal Gazeta da Figueira, sendo, em Lisboa, redator da Imprensa da Manhã e trabalhado em A Capital.

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